Mediante estas belas mentiras...

digo sempre o que tenho de verdade.

28.11.09

Uma noite - fragmento

(Céu escuro sem nuvens. Ouve-se apenas os semáforos trocando de cor.)

- Vamos para a sua casa.
- ...para a sua.
- Não tenho lugar certo para ficar. Te falei.
- É, falou.
- Então...
- Mas lá em casa tem minha mãe.

(Ela ri.)

- Ainda? Por esta eu não imaginava.
- Como assim?...
- Francamente, um marmanjo desses...
- Vou ignorar.

(Silêncio.)

- Tá. Mas e aí? Pra onde vamos?
- Bem, em casa não dá mesmo.
- Nunca levou uma mina pra casa?
- Não qualquer uma.
- Ah, então eu sou "qualquer uma"?
- Você sabe que não.
- Até você me dizer o contrário agora!
- Para com isso...

(Ele respira fundo. Ela acende um cigarro.)

- Vamos prum motel qualquer, então.
- Tô sem um puto... Te falei.
- É, falou.
- Então...
-Acho melhor deixar quieto.

(Ele pede um trago.)

- Assim? Desse jeito?
- É, ué. Cada um pro seu lado.
- Poxa.
- Nunca aconteceu com você?
- Ô, me dá pelo menos o teu telefone...
- Para você me ligar quando precisar de uma foda?

(Ele ri.)

- Pra dizer que você já pode ir em casa, quando eu tiver morando sozinho.
- Você não merece.
- Por quê?
- Qual é... deixa eu economizar essa.

(Silêncio.)

- Você só queria uma cama pra dormir.
- Escroto!
- E não é isso? Uma cama pra foder e pra dormir?
- Eu só queria, mesmo, precisar de você.
- Me diz de novo o teu nome.
- Tô indo embora.


23.11.09

Minha mente se expande na aurora,
Meu corpo se espraia na noite;
Tarde é boa mesmo pra pegar paia.
Manhã oriental
O gato chinês acordou,
Fez Ni Hao!