Teria ele então a barba grisalha, o rosto enrugado, a vista precária?
Estaria ainda casado com a minha mãe?
Seríamos grandes amigos ou teríamos rompido o contato por questões políticas, teológicas, familiares?
Pensar nisso tudo me leva às lágrimas. Nunca é fácil imaginar a vida destes dias que nos foram roubados. E talvez eu nem saiba, nem tenha tido a chance de saber direito - nem eu, nem ninguém - quem de fato fora este homem. Meu eterno pai.
Não fui à Flip deste ano. No entanto, acompanhei seus principais eventos e acabei descobrindo o escritor luso valter hugo mãe. Ele esteve na Livraria Cultura, falou das experiências vividas em Paraty, de si mesmo e de seu romance "a máquina de fazer espanhóis", o qual é dedicado a seu pai, que falecera antes dos sessenta anos e, assim, não conhecera a terceira idade.
Pude cumprimentar valter ao final do bate-papo, pedi-lhe um autógrafo e uma foto. Disse-lhe brevemente desta perda que nos une. E ele consolou-me com um abraço e a oferta de sua "máquina de completar vidas".
valter é careca e rechonchudo, e ainda assim um belo homem, de olhos doces e expressões honestas. Um sujeito humilde, engraçado e bom. Fica fácil, portanto, saber por que é tão cativante. É que nos faz muita falta um homem terno em meio a tantos homens de terno.
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