Mediante estas belas mentiras...

digo sempre o que tenho de verdade.

18.7.05

Meu pedaço na partilha


A curiosidade certamente é uma das maiores culpadas da evolução humana.


Só lamento pelo pobre gato, que morreu de curiosidade.
Seguindo a linha da curiosidade, me pergunto:
"O que teria dito o protagonista ao antagonista, momentos antes de entrar em cena, na primeira peça de teatro da história da Humanidade?" Talvez, se fosse eu, diria "Oi". Oi pra vocês também. Bom dia, comunidade.
Que grande tarefa essa, de escrever neste caderno. Logo eu?! Mas uma coisa nisso tudo me alegra, afinal, me deixaram por último, com tudo isso de folha sobrando. Pelo visto, já perceberam que sou um homem de muitas palavras. E aqui, neste bastão em forma de folha, folha que me dá o poder da palavra, o que escrever, para depois ler para todos vocês? Acredito que além de um diário de bordo, este belíssimo instrumento burocrático quadrado, dividido em folhas, subdivididas em páginas, repletas de linhas esperando para serem vestidas, seja um registro de partilha. E nada do que deixarei registrado aqui pode fugir do que já disse em todas as partilhas. Até mesmo quando passei a palavra no ato de recebimento.
Que bela convivência! Naquele primeiro dia, ainda meio frio, presenciando a soberania numérica feminina, todo aquele volume de sorrisos tímidos nas apresentações. Como foi bom dar aquela mentida para fortalecer a aparência, transmitir uma boa impressão. Acho que colou.
A decorrência dos encontros de sexta-feira à tarde, como foi boa! Aqueles exercícios de se soltar para si mesmo, conhecer seu corpo, e aos poucos, o corpo dos outros, saber lidar com tudo isso.
A forma de se comunicar em silêncio num mundo onde se grita tanto! Tudo é sonoro! Até a poluição já ganhou uma vertente sonora! Uma forma sonoplástica de manifestação e nós ali mudos diante de.. de.. de nós mesmos! Estou sem palavras.
O começo dos diálogos. A dramaticamente cômica forma de se comunicar para provocar reações nos outros. E rir, e fazer errado, e desconcentrar, e gritar no pensamento que não está bom e fazer aquela coisa ótima, que você leu que estava ótima toda aquela apresentação na face dos colegas.
Dançar, cantar, ler, ouvir, falar, se movimentar, movimentar o outro, movimentar o grupo, fazer o círculo, seguir a canção, pular a corda, passar o bastão, que coisa maravilhosa! Simplesmente teatralizar as tardes de sexta-feira. Essas tardes de sexta, que acabaram se tornando um percalço cotidiano de nossa semana. Ah, eu sempre quis escrever "percalço cotidiano" num texto. Já estava dois parágrafos pra baixo quando resolvi subir só pra encaixar isso... Encaixar da mesma forma que o teatro encaixou-se nas nossas vidas. Entre parágrafos, para construir nosso texto.
Teatro. Que palavrinha incrível. Sabe que a minha primeira lembrança de teatro foi receber das mãos da fada azul um livrinho da história de Pinóquio, ela de cima do palco, no final da peça, estendendo as mãos mágicas para o baixinho da platéia, de olhos encantados. Olha só o baixinho, no que se tornou. Um cara grande a quem foi mostrado o que é teatro, pra ele pintar da cor que quiser. Gente! Obrigado! Dizem que escrever palavrões acaba matando um texto, mas que se foda! Puta merda, gente, obrigado!
Sempre falta alguma palavra, mas nos tornamos seres resignados diante da perda. Mas me vem a felicidade quando eu me convenço de que a perda dessas minhas palavras já está solucionada com as palavras de vocês. Basta eu passar a palavra. Respira fundo. Nosso encontro passado foi nosso ensaio geral para o grande dia! O dia que será nosso e somente nosso. Seremos nós em cada gesto, cada diálogo, cada risada, cada aplauso ou cada vaia da platéia. Todo o sentimento de alegria, satisfação, decepção, desgosto.
O grande dia é só mais um jogo. Como todos os jogos de cena, com os quais nos comprometemos. Mas este grande dia se engrandece porque o jogo é de sentimento. E sem qualquer leve toque de sentimento nada se constrói. Razão e sentimento casam tão bem quanto tragédia e comédia. Que façamos um belo casamento. E que ninguém se pergunte se o que faz é certo. O sentimento não deve responder nada. Sua função é apenas a de se tornar culpado pela nossa evolução. Que coisa, mas que sentimento é esse? Eu talvez o chame de amor. Ninguém sabe o que é o amor, portanto reservo-me ao direito de dar seu nome a qualquer sentimento que eu acredito ser forte, ser puro, ser verdadeiro. E não há necessidade de entender o amor, ou medi-lo, ou justificá-lo. Há o dever de vivê-lo e não se deve fugir disso porque amor é no nosso instinto.

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Texto escrito para o caderno de partilha do grupo de teatro do qual fiz parte. Resolvi publicá-lo em consideração à nossa apresentação de domingo, 17/07. É extenso, mas muito importante.

5 comentários:

Anônimo disse...

adorei estar aqui. Você escreve bem pra caramba! Abs!

Anônimo disse...

opa xefe!

excepcional, fora de serie. tah escrevendo bem, hein filhote

bravo!bravo!bravissimo.
ateh me animou a fazer mais um novo TK.

olivercauacaue.tk *o aventureiro solitario* entrou em manutencao.

ligou pra aranha ou nao?

ligo 102 ainda hoje. passar bem

Anônimo disse...

Simplesmente perfeito! o melhor texto que já li sobre o assunto...vc escreve com mta originalidade,parabéns.
Bom,acho que já elogiei demais. Se bem que merece admiração infinita.
Até mais!
Bjoks!
^3^x

Anônimo disse...

Laion....... hehe!!lindo !! poeta como sempre neh ?????? gnt eu num sei como c consegue tranforma as palavras em frases e textos taum maravilhosos prabéns !!!!!!! tbm to morrendu de sudades de vc !!!!!! ver se aparece msm viu ?????/ bjokinhas !!!!!!
Stella......

Anônimo disse...

HEY...
SERÁ QUE ALGUEM PODE DAR UM TAPINHA NO MEU QUEIXO PRA QUE ELE VOLTE PARA O LUGAR??

o diario de bordo é algo maravilhoso, e o momento da partilha é sagrado e muito especial...

como sempre, surpreendendo, fiquei um bom tempo em frente ao computador lendo o que vc escreveu..sim, fiquei imprecionada...

puxação de saco isso aqui, neh??
a..tb num elogio mais (mas vc sabe qq eu tô pensandu, neh...ficô fodããõ!)

beijos pra vc...

zUmBaRiBaRiZuMbAbA...